Sejam benvindos ao Blog da disciplina de Biogeografia.

Professor responsável: Carlos Augusto Figueiredo (Núcleo de Gestão Ambiental . UNIRIO).

Dúvidas sobre a matéria também podem e devem ser trazidas a este espaço, através do email EVOBIOGEO@GMAIL.COM ou na lista de email EVOBIOGEO@GOOGLEGROUPS.COM

IMPORTANTE

Confiram o novo calendário no índice de aulas 2010. A prova final será dia 16 de julho!

Atenção! Você pode optar por fazer um trabalho individual que substitui a nota da segunda prova.
Lembre-se que na segunda prova constará toda a matéria da disciplina. Esta prova será com consulta e com duração de 4 horas.

segunda-feira, maio 24, 2010

Gabarito da 1a PROVA de Biogeografia 30/04/2010



Questões obrigatórias:

1. O que é Biogeografia? Lembrando que de Candolle foi o primeiro a diferenciar dois aspectos das distribuições dos organismos vivos, explique as duas principais correntes de pensamento desta ciência.
    Resposta:
    Biogeografia é uma disciplina de biologia comparada que estuda a distribuição geográfica e espacial dos organismos vivos e os sistemas por eles compostos. Para conhecer a distribuição dos organismos vivos é necessário conhecer as entidades estudadas e como defini-las. Conhecer os padrões de ocorrência em escalas variadas e entender a influência de fatores bióticos e abióticos nos padrões encontrados.
    De Candolle propôs o entendimento da geografia botânica classificando os ambientes em Habitações e Estações. As Habitações foram propostas como grandes áreas geográficas separadas de outras por acidentes geográficos marcantes, como cadeias de montanhas ou oceanos. As Estações foram propostas como as condições ambientais encontradas nos locais de ocorrência dos vegetais, como por exemplo, umidade, tipo de solo e clima.
    Estas duas formas de entender o ambiente onde os vegetais ocorrem podem ser equiparadas ao que se desenvolveu mais recentemente como biogeografia histórica e biogeografia ecológica. A primeira – biogeografia histórica – se ocupa de entender os padrões de distribuição dos organismos num contexto histórico, principalmente em uma escala de tempo geológica, levando em conta o surgimento e desaparecimento de grandes barreiras biogeográficas e a evolução dos padrões encontrados nas províncias biogeográficas atuais. A segunda – biogeografia ecológica – se ocupa em compreender os requisitos para manutenção da distribuição dos organismos, estratégias de dispersão e ampliação de áreas de ocorrência. A escala temporal de trabalho é mais próxima ao presente e são investigados os processos que influenciam nos padrões de distribuição.
2. Proponha uma classificação para os peixes abaixo utilizando a sistemática filogenética. Demonstre as relações entre as morfoespécies e como você chegou a elas:

    Resposta:
O primeiro passo para propor a classificação dos peixes A, B, C, D e E é construir uma hipótese filogenética utilizando a sistemática filogenética. Para tal, vamos analisar quais são as características morfológicas que diferenciam estes organismos:
  1. forma das nadadeiras anal e dorsal: (0) arredondada; (1) afilada;
  2. forma da nadadeira caudal: (0) arredondada; (1) furcada;
  3. forma da nadadeira peitoral: (0) arredondada; (1) afilada;
  4. altura do corpo: (0) baixo; (1) alto;
  5. linha lateral: (0) não pigmentada; (1) pigmentada;
  6. nadadeira caudal: (0) sem ocelo; (1) com ocelo;
  7. nadadeiras: (0) sem ou com pouca pigmentação; (1) fortemente pigmentadas;
  8. ocelos na nadadeira anal: (0) ausentes; (1) presentes;
  9. nadadeiras anal e dorsal: (0) lisas; (1) listradas.

Em seguida deve ser construída uma matriz de caracteres (cada uma das características levantadas e seus estados):

Peixes \ caracteres
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Peixe grupo externo
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Peixe A
1
0
1
0
0
0
1
0
0
Peixe B
1
0
1
0
0
0
0
0
1
Peixe C
1
1
0
0
1
0
0
0
0
Peixe D
1
1
0
1
0
1
0
0
0
Peixe E
1
1
0
1
0
1
0
1
0

Em seguida construimos o cladograma mais parcimonioso que, teoricamente irá refletir as relações de parentesco entre os peixes do grupo-interno:



Percebemos que os peixes se organizam em grupos que, podem ser representados da seguinte maneira ((A, B)(C(D, E))).

Assumindo que as espécies aqui abordadas formam um grupo monofilético é possível organizar as espécies em um, dois ou três grupos: um único gênero de cinco espécies; dois gêneros, um com duas espécies (A e B) e outro com três (C, D e E); ou três gêneros, dois com duas espécies (A e B) e (D e E) e outro monotípico (C).

Uma proposta diferente de codificação dos caracteres pode ser possível, mas será julgado caso a caso, sempre levando em conta a aplicação do método de parsimônia (a explicação que necessita de um menor número de pressupostos é a aceita).

3. Discorra sobre a biogeografia no período pré-evolutivo. Quais as idéias predominantes e como elas evoluíram?

Resposta:
As idéias predominantes foram o centro de origem e dispersão e a imutabilidade (ou fixismo) das espécies. Estas duas idéias derivaram da cultura judaico-cristã que admitia a criação divina dos organismos em um lugar específico (centro de origem), a partir do qual todos se dispersaram e após o qual nenhum deles se modificou.
Estas idéias pré-evolucionistas nem sempre foram fixistas, Platão, por exemplo, admitia a degeneração dos seres e os pré-socráticos aceitavam a mutabilidade dos seres.

4. Como a descoberta das Américas influenciou o pensamento biogeográfico e religioso sobre a diversidade biológica e sua origem?

Resposta:
Com a descoberta de um novo continente, separado por um oceano inteiro do Velho Mundo começou-se a questionar a dispersão dos organismos a partir do Eden e mais tarde, a partir do Monte Ararat. Da mesma maneira, os povos humanos que habitavam o novo continente não poderiam ter tido origem a partir da linhagem de Adão.
O “aparecimento” de dos estranhos e exóticos organismos do Novo Mundo precisava ser explicado de alguma maneira. Aos poucos, as explicações religiosas, com base na Bíblia, foram se tornando incapazes de lidar com a enorme diversidade que se apresentava.
Linneu em seu artigo “Sobre o aumento da terra conhecida” procurou explicar como Deus criou todos os seres em um mesmo lugar de onde estes se dispersaram. Contudo, não explicou os métodos de dispersão dos organismos. E acreditava que, “organismos com requisitos ambientais semelhantes seriam os mesmos em continentes diferentes”. Mais tarde Buffon propôs que, “organismos com requisitos ambientais semelhantes são diferentes em continentes diferentes”.
 
5. Como se pode explicar a ocorrência de táxons filogenéticamente relacionados (grupos-irmãos) em áreas disjuntas?

Resposta:
Áreas disjuntas são aquelas separadas por grandes extensões. É possível explicar a presença de táxons relacionados em áreas disjuntas através de eventos de extinção e/ ou dispersão.
 
6. O que é um táxon monofilético?

Resposta:
Um táxon monofilético é também chamado de “natural” e inclui todos os descendentes de um mesmo ancestral.
 
7. Cite, ao menos, três modos de especiação relacionados ao espaço geográfico.

Resposta:
Especiação alopátrica, simpátrica e parapátrica . Poderia ser citada ainda a especiação peripátrica, denominação menos usada.
A especiação alopátrica ocorre quando uma população é dividida pelo surgimento de uma barreira biogeográfica.
A especiação simpátrica ocorre quando há divergência de componentes de uma linhagem em um mesmo espaço geográfico, dando origem a duas espécies ou linhagens diferentes.
A especiação parapátrica ocorre quando populações adjacentes, normalmente ao longo de um gradiente, deixam de ter fluxo gênico e passam a traçar destinos evolutivos diferentes.
A especiação peripátrica ocorre quando há dispersão por chance e apenas uma pequena parcela representativa da população original forma uma população isolada na periferia da distribuição original. O pool genético da população original, na nova população isolada, passa por um efeito fundador e consequentemente fica mais sucetível à deriva gênica e a perda de alelos.
  1. Quais as premissas básicas adotadas atualmente para uma análise biogeográfica histórica?
    Resposta:
É necessário conhecer a evolução dos grupos taxonômicos estudados, ou seja, sua história filogenética. É necessário também analisar conjuntamente mais de um grupo com o objetivo de encontrar eventos vicariantes, e/ ou eventos de dispersão comuns na história dos grupos e da Terra.

sexta-feira, maio 14, 2010

TRABALHO DE CURSO

Como alternativa à segunda prova, o aluno poderá escolher fazer um TRABALHO DE CURSO INDIVIDUAL. Quem fizer este trabalho não precisa fazer a 2a prova. O trabalho poderá ser entregue até no máximo a data da segunda prova, dia 09 de julho.

Para fazer uma avaliação preliminar e decidir, junto com o aluno, se o trabalho poderá ser usado para substituir a nota da segunda prova ou não, vou verificar o desenvolvimento dos trabalhos no dia 2 de julho, após a aula e os seminários.

O trabalho é parecido com o estudo dirigido, só que mais aprofundado. Deverá ser escolhido um tema qualquer, dentro da matéria dada, e feito um pré-projeto simples (no máximo uma página) para apresentação ao professor. Este pré-projeto pode ser apresentado a qualquer momento, mesmo fora dos horários de aula ou por email. Se o professor concordar com o projeto o TRABALHO DE CURSO INDIVIDUAL poderá servir como a segunda nota da disciplina. Se o aluno desistir no meio do caminho ou não conseguir entregar, a 2a prova poderá ser feita.

O trabalho deve ter no mínimo 6 (seis) páginas e no máximo 20 (vinte) páginas. E dever seguir uma formatação simples: fonte Times New Roman, 12; parágrafo justificado com espaçamento de 1,5 entre as linhas e de uma linha entre parágrafos; todas as margens com 2,5 cm. O título deve ser centralizado e em negrito. O nome do aluno deve constar logo abaixo do título.

Exemplo de projetos possíveis:

  1. História da biogeografia no período após os descobrimentos;
  2. Mecanismos geográficos de especiação;
  3. Regra de Rapoport em peixes oceânicos;
  4. Métodos em biogeografia histórica;
  5. Fenômenos evolutivos associados à biogeografia de ilhas;
  6. Expansão humana nas Américas;
  7. A influência da biogeografia na criação de áreas protegidas.

segunda-feira, maio 03, 2010

Índice de Aulas 2010

19/03/10    Introdução à Biogeografia, diversidade biológica e História da Biogeografia no período pré-evolutivo                       
26/03/10    Continuação da história da biogeografia; evolução biológica e geológica                       
02/04/10    Feriado – NÃO HAVERÁ AULA                       
09/04/10    Evolução e Biologia Comparada                       
16/04/10    Biogeografia histórica
23/04/10    Feriado – NÃO HAVERÁ AULA
30/04/10    PROVA
07/05/10    Filogeografia                       
14/05/10    Padrões de distribuição e diversidade                       
21/05/10    Comunidades e Ecossistemas                       
28/05/10    Biogeografia de Ilhas                     
04/06/10    Feriado enforcado – NÃO HAVERÁ AULA                       

11/06/10    Revisão da 1a prova e seminários
18/06/10    Semana de Integração Acadêmica – NÃO HAVERÁ AULA
25/06/10    Jogo do Brasil – NÃO HAVERÁ AULA
02/07/10    Biogeografia humana, ecologia de paisagens e conservação
09/07/10    PROVA                       
16/07/10    PROVA FINAL

Bibliografia

  • BROWN, J. H. & M. V. LOMOLINO, 2006. Biogeografia 2ªed. rev. e ampl 691p. FUNPEC, Ribeirão Preto.
  • COX, C. B. & P. D. MOORE, 2005. Biogeography - An Ecological and Evolutionary Approach. 7a. edição, Blackwell Publishing, Malden, MA, pp:428
  • FUTUYMA, D. 1998. Biologia Evolutiva, 3a edição, Sinauer Associates
  • PAPAVERO, N. & J. BALSA, 1986. Introdução histórica e epistemológica à biologia comparada, com especial referência à biogeografia. I – do Gênesis ao fim do Império Romano do Ocidente. Sociedade Brasileira de Zoologia, Belo Horizonte, MG. pp:168
  • PAPAVERO, N., D. M. TEIXEIRA & J. LLORENTE-BOUSQUETS. História da biogeografia no período pré-evolutivo. FAPESP/Plêiade, São Paulo, SP. pp:258

Professores

Prof. Carlos Figueiredo é o professor ministrante da disciplina neste semestre e é Zoologo, Ictiólogo e professor do Curso de Ciências Ambientais da UNIRIO. É também responsável pelas disciplinas de Gestão Ambiental, Perícia Ambiental e Certificação e Auditorias Ambientais.


Prof. Ricardo Campos da Paz irá complementar o curso com algumas palestras e aulas isoladas. Ricardo é Zoologo, Ictiólogo, especialista em peixes da Ordem Gymnotiformes e chefe do Laboratório de Ictiologia Neotropical (LABIN) na Escola de Ciências Biológicas da UNIRIO